Apesar do impacto negativo da pandemia COVID-19, a indústria global da construção foi uma das menos afetadas durante o ano de 2020. O volume da produção global de construção caiu apenas 2%, acabando por ser uma queda menos pesada relativamente a outras indústrias.
À medida que o mundo recupera da crise pandémica, o mercado global da construção deverá continuar a crescer a um ritmo superior ao da economia como um todo, devendo atingir uma média global de 3.2% ao ano entre 2021 e 2023, de acordo com o relatório anual Global Powers of Construction (GPoC) da Deloitte Global.
Contudo, a crise afetou as perspetivas de crescimento do setor nos próximos anos devido a um maior endividamento causado pelo aumento na despesa públicas. Este aumento pode comprometer a sustentabilidade das finanças públicas em alguns países e as possibilidades de investimento em infraestruturas, uma variável determinante para o setor no seu conjunto.
O impacto da crise nas finanças públicas provavelmente fará com que a cooperação públicoprivada se torne uma opção fundamental para garantir o investimento em infraestruturas.
As estimativas atuais indicam que o valor da produção global de construção aumentará de 11,6 biliões de dólares em 2020 para cerca de 14,8 biliões em 2030, uma taxa média de crescimento anual de 2,5%. Espera-se que a China continue a ser o maior mercado de construção a nível global, mas que diminua a importância, passando dos atuais 32% para os 29,2% em 2030.
O relatório global da Deloitte que analisa a indústria de construção mundial e examina as estratégias e o desempenho das principais empresas de construção presentes em bolsa durante 2020, prevê que as empresas do setor apostem na inovação, na aplicação de novas tecnologias e com vista à obtenção de ganhos de eficiência operacional que, combinado com melhorias dos processos de contratação e licitação, deverá permitir às construtoras alcançar uma rentabilidade sustentável.
No entanto, a crise atual deve ter um efeito limitado sobre as megatendências de longo prazo – crescimento populacional e urbanização, mudanças climáticas e descarbonização da economia e tecnologia e transformação digital – que impulsionarão o crescimento nos próximos anos.
As 100 maiores empresas de construção do mundo geraram receitas superiores a 1.511 biliões de dólares durante o ano de 2020, o que representa um aumento de 3,7% em relação ao ano anterior.
A construtora Mota-Engil é a única representante portuguesa no Top 100 mundial mantendo a 76ª posição, a mesma alcançada no relatório do ano anterior. A empresa atingiu no ano passado vendas totais de 2.775 milhões de dólares norte-americanos. A Mota-Engil atingiu ainda uma capitalização bolsista de 396 milhões de dólares.
As maiores empresas em termos de receita estão localizadas na China (48%), Europa (22%), Japão (13%), Estados Unidos (8%) e Coreia do Sul (5%). Apesar do domínio da China, há apenas uma empresa chinesa no Top 10 do ranking por capitalização de mercado e duas no Top 10 do ranking por vendas internacionais. No Top 100 GPoC, menos de metade das empresas registou um aumento nas vendas e apenas 18 alcançaram aumentos de dois dígitos. Em contraste, 25 empresas registaram contrações de mais 10% em receitas.
Devido à incerteza causada pela pandemia, houve uma redução de 6,9% no valor da capitalização de mercado no TOP 100 com o desempenho do mercado de ações a variar por região. Apesar de um crescimento significativo nos Estados Unidos e na Coreia do Sul, os grupos chineses e japoneses experimentaram quedas de dois dígitos, com os grupos europeus a registar uma quebra de 6,2%.
O relatório Global Powers of Construction 2020 classifica as 100 principais empresas de construção global com base nas vendas e as 30 principais empresas com base na capitalização de mercado. Como nos anos anteriores, o relatório analisa as perspetivas macroeconómicas atuais do setor da construção e prevê um crescimento nos mercados mais importantes. O relatório analisa igualmente os principais indicadores financeiros: desempenho em termos de receita, capitalização de mercado, presença internacional, diversificação, lucro, endividamento e outros índices financeiros.
O relatório deste ano também inclui uma seção que analisa uma série de tendências que têm marcado a construção nos últimos anos ou que se espera que tenham um grande impacto no futuro próximo, levando em consideração as novas prioridades pós-pandémicas.
fonte: https://bit.ly/2YmNLFT